Brasília, 13 de maio de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva com o objetivo de cortar os preços de medicamentos no país, atrelando os valores cobrados internamente aos mais baixos praticados no exterior. A ação faz parte da chamada política de “nação mais favorecida”, relançada na segunda-feira (12), após o presidente anunciar ações para reduzir as barreiras regulatórias à fabricação nacional de produtos farmacêuticos.
Durante um evento na Casa Branca, Trump afirmou que a iniciativa visa acabar com as disparidades de preços entre os EUA e outras nações desenvolvidas. “Vamos pagar o menor preço existente no mundo”, declarou. Segundo ele, os preços dos remédios podem cair entre 59% e até 90%.
Novo modelo mira grandes disparidades de preços
A ordem assinada por Trump determina que o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) crie um mecanismo para que os pacientes americanos possam adquirir medicamentos diretamente dos fabricantes com base nos menores preços globais, eliminando intermediários. Os alvos principais serão os remédios com maiores diferenças de preços e maior volume de vendas — como os usados no tratamento da diabetes e para perda de peso, como os da classe GLP-1.
O governo norte-americano também planeja negociar com os fabricantes para alcançar metas de redução de preços nos próximos 30 dias. Caso não haja progresso, o HHS poderá impor unilateralmente os novos valores por meio de regulamentações.
Pressão sobre outros países e foco em negociações globais
A medida também busca confrontar políticas de outros países que, segundo Trump, forçam as farmacêuticas a aceitarem preços mais baixos, enquanto os consumidores americanos acabam arcando com os custos da inovação. A Casa Branca instruiu o Departamento de Comércio e o Representante de Comércio dos EUA a combater práticas consideradas “injustas e discriminatórias” no exterior.
Além disso, Trump anunciou planos de ampliar a importação de medicamentos de países desenvolvidos além do Canadá e prometeu tarifas sobre remédios importados para incentivar a produção doméstica.
Impacto ainda incerto e resistência da indústria farmacêutica
Apesar das promessas, analistas e especialistas alertam que a proposta enfrenta desafios práticos. Analistas da empresa JPMorgan, por exemplo, classificaram a medida como “difícil de implementar”, citando possíveis entraves legais e a necessidade de aprovação pelo Congresso. Além disso, a política deve encontrar forte oposição da indústria farmacêutica, que já impediu uma tentativa semelhante no fim do mandato anterior de Trump.
A associação que representa as grandes farmacêuticas nos EUA, PhRMA, criticou a proposta ao alegar que a importação de preços estrangeiros prejudicaria a inovação e o acesso a novos tratamentos. Ainda assim, a entidade elogiou o esforço do presidente em pressionar outros países a contribuírem mais com os custos globais de medicamentos.
Efeitos no mercado e reação de grupos de defesa
Apesar da proposta, as ações de grandes farmacêuticas como Merck, Pfizer e Amgen subiram no mesmo dia. O grupo AARP, que representa idosos nos EUA, elogiou a decisão, afirmando que empresas do setor há muito exploram os consumidores americanos com preços elevados.
A longo prazo, ainda é incerto se a política conseguirá equilibrar a balança de preços sem comprometer investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Especialistas da Universidade do Sul da Califórnia apontam que a dependência do mercado americano para a maior parte dos lucros da indústria pode levar as empresas a abandonar mercados estrangeiros em vez de cortar preços nos EUA.
Fonte: CNBC
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