Brasília, 05/05/2025
Na próxima quarta-feira (7), o mercado financeiro internacional estará com os olhos voltados para as reuniões de dois dos principais comitês estratégicos de política monetária do mundo: o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central do Brasil, e o FOMC (Federal Open Market Committee), do FED (Federal Reserve), nos Estados Unidos. As decisões que forem tomadas durante esses encontros devem causar impacto direto no custo de crédito, no comportamento dos investimentos e nas perspectivas de crescimento econômico nos dois países, além dos demais envolvidos.
Copom: é provável que a Selic suba novamente
Diante da alta inflacionária constante, o consenso entre analistas aponta para uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic, elevando os juros para 14,25% ao ano, de acordo com pesquisa da XP Investimentos com gestores de fundos multimercado. Já o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, projeta que a Selic chegue a 15%, ainda em 2025.
A reunião ocorre em um cenário de política monetária apertada e, embora o Copom não deva antecipar o tamanho do próximo ajuste, o mercado já projeta uma nova alta de 0,25 ponto percentual na reunião de junho. O objetivo é manter a pressão sobre a inflação sem sufocar completamente a atividade econômica.
FOMC: estabilidade e cautela
Nos Estados Unidos, a reunião do FOMC, colegiado responsável pelas decisões de juros do Federal Reserve (Fed), coincide com a data de 6 e 7 de maio. A expectativa majoritária é de manutenção da taxa básica entre 4,25% e 4,50% ao ano, com o Fed adotando uma postura de observação, sem alterar a atual trajetória da política monetária.
Segundo o economista do Santander, Tomás Urani,
“[As entidades] continuarão a indicar dois cortes para este ano, mas talvez com alguma dúvida em torno disso, como uma sinalização de menos cortes para os anos seguintes ou uma taxa de longo prazo um pouco mais elevada.” A avaliação é que o Fed não mencionará diretamente as tarifas associadas à guerra comercial impulsionada por Donald Trump, mas deve destacar projeções econômicas mais detalhadas.
Impactos no mercado e no trabalho
Os próximos passos do Copom e do FOMC serão decisórios não apenas para investidores, mas também para a população em geral. No Brasil, o aumento da Selic afeta diretamente o custo do crédito para famílias e empresas, podendo desacelerar o consumo, a produção e, consequentemente, a geração de empregos. Além disso, pressiona ainda mais os orçamentos domésticos já comprometidos com juros elevados em financiamentos e cartões de crédito.
Nos Estados Unidos, a estabilidade dos juros busca conter a inflação sem provocar uma recessão econômica — uma tentativa de equilíbrio que também afeta os fluxos de capital internacional, o câmbio e as exportações brasileiras. Uma política monetária conservadora no Fed pode atrair investidores estrangeiros, desvalorizando moedas emergentes e pressionando a inflação no Brasil através dos preços de importados.
Entenda o que são Copom e FOMC
O Copom é o órgão do Banco Central responsável por definir a taxa básica de juros (Selic), principal instrumento da política monetária brasileira. Já o FOMC, sigla para Federal Open Market Committee, é o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), relativo equivalente americano, com o poder de determinar a taxa básica de juros dos EUA e influenciar a quantidade de moeda em circulação.
Ambas entidades se reúnem regularmente para deliberar sobre as melhores estratégias para controlar a inflação, estimular o crescimento e preservar a estabilidade econômica. No caso do FOMC, são 17 membros, dos quais 12 têm poder de voto, reunindo-se cerca de oito vezes ao ano.
Cenário tenso e imprevisível
A retomada da guerra comercial impulsionada por Trump, as tarifas sobre importações e a volatilidade nos preços globais ampliam o grau de incerteza do mercado. O FOMC, nesse contexto, enfrenta o dilema de equilibrar suas duas metas: estabilidade de preços e pleno emprego.
Como ressaltado por Tomás Urani, “muito do que foi falado em termos de tarifas ainda não foi implementado, está mais para incerteza”. Por isso, o mercado deve acompanhar atentamente o tom do comunicado do Fed para entender o direcionamento das próximas abordagens econômicas da autoridade monetária americana.
Outros destaques da “Semana Decisiva”
Além das reuniões dos bancos centrais, a agenda econômica da semana entre 5 e 9 de maio contará com outras medidas estratégicas para o mercado:
- Relatório Focus e Índice de Confiança Empresarial (segunda-feira, 5)
- PMI Composto e de Serviços, no Brasil e em grandes economias (terça, 6)
- Índice de Variação de Aluguéis Residenciais e Balança Comercial (quarta, 7)
- IPP e IGP-DI (quinta, 8)
- IPCA de abril (sexta, 9)
Próximas reuniões
Após os encontros de maio, o Copom voltará a se reunir em junho, com a expectativa de nova alta da Selic. O FOMC, por sua vez, tem encontros agendados para:
- 17 e 18 de junho
- 29 e 30 de julho
- 16 e 17 de setembro
- 28 e 29 de outubro
- 9 e 10 de dezembro
Acompanhe a cobertura dessas decisões e suas repercussões no portal da Webadvocacy, assim como os desdobramentos para o ambiente jurídico e econômico.
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