CMA conclui que parceria entre Microsoft e OpenAI não configura “fusão relevante”

Brasília, 16 de abril de 2025

Publicado em 16/04/2025 às 16h16 – Atualizado em 17/04/2025 às 08h12

A Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) anunciou, no dia 5 de março, que a parceria entre a Microsoft Corporation e a OpenAI, Inc. não constitui uma “situação de fusão relevante” nos termos da Enterprise Act 2002. A decisão foi tomada após meses de análise iniciada formalmente em dezembro de 2023, motivada por preocupações quanto ao possível aumento do controle da Microsoft sobre a OpenAI e seus impactos na concorrência no setor de inteligência artificial (IA).

O que motivou a investigação?

A CMA iniciou a investigação após a demissão abrupta de Sam Altman, então CEO da OpenAI, em novembro de 2023 — episódio que desencadeou uma crise interna na empresa e posterior reintegração de Altman com apoio público da Microsoft. O órgão suspeitava que tal movimentação poderia indicar um aumento no nível de controle da Microsoft sobre a OpenAI, o que poderia configurar uma fusão sob o ponto de vista regulatório.

Além disso, a CMA também avaliou se essa parceria poderia resultar em uma redução substancial da concorrência, especialmente em mercados ligados ao desenvolvimento de modelos fundacionais de IA (FMs), fornecimento de infraestrutura em nuvem e softwares baseados em IA.

Parceria robusta, mas sem controle decisivo

Segundo CMA, Microsoft mantém posição estratégica, influenciando sem ter controle sobre OpenAI. Imagem: Freepik

Segundo o relatório da CMA, a Microsoft exerce “um alto grau de influência material” sobre a OpenAI, mas não chegou ao ponto de obter “controle de fato” sobre as decisões comerciais da empresa parceira. Entre os pontos considerados estão os mais de US$ 13 bilhões investidos pela Microsoft desde 2019, sua exclusividade como fornecedora de infraestrutura computacional para a OpenAI, e o licenciamento exclusivo da propriedade intelectual da desenvolvedora do ChatGPT.

No entanto, a CMA ressaltou que a OpenAI manteve autonomia em diversas decisões comerciais, como parcerias com outras empresas, reestruturações internas e captação de novos investimentos — incluindo um aporte de US$ 6,6 bilhões de outros investidores em 2024. A mudança recente no contrato de fornecimento de computação, que permite à OpenAI buscar terceiros para parte de suas necessidades, também pesou na conclusão de que não há controle decisivo por parte da Microsoft.

Impactos para o setor e próximos passos

Embora a CMA tenha decidido que a parceria não configura uma fusão nos moldes legais, a autoridade britânica alertou que essa decisão não elimina eventuais preocupações concorrenciais que possam surgir da operação contínua da parceria. O mercado de IA, segundo o órgão, está em rápida evolução e requer atenção constante para garantir que colaborações entre grandes empresas não prejudiquem a inovação nem limitem o acesso de concorrentes a recursos estratégicos.

Com isso, a parceria Microsoft–OpenAI segue válida e sem restrições no Reino Unido, mas o setor continua sob o radar da autoridade reguladora, especialmente no contexto de novas reestruturações e expansão de parcerias tecnológicas.

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Autoridade alemã acusa Vodafone e Vantage Towers de dificultar entrada da 1&1 no mercado

Brasília, 14 de abril de 2025

O Bundeskartellamt, autoridade alemã de defesa da concorrência, informou nesta segunda-feira (14) que encaminhou à Vodafone Group, à Vodafone GmbH e à Vantage Towers AG sua avaliação preliminar sobre possíveis práticas anticoncorrenciais no fornecimento de infraestrutura de telecomunicações à operadora 1&1. De acordo com o órgão, há indícios de que as empresas teriam atrasado deliberadamente a entrega de estações de antenas, prejudicando a entrada da 1&1 como o quarto grande operador de rede móvel na Alemanha.

Prejuízo à concorrência e favorecimento da própria rede

Bundeskartellamt avalia se houve conduta anticoncorrencial por parte das gigantes da telecomunicação. Imagem: Getty Images

A Vantage Towers, empresa derivada da Vodafone, responsável pela gestão de torres de transmissão, firmou em 2021 um contrato com a 1&1 para compartilhamento de milhares de locais de antenas. Esses pontos deveriam ser disponibilizados em etapas até o final de 2025. No entanto, mesmo após a prorrogação dos prazos contratuais, a execução permanece muito aquém do acordado — apenas uma pequena parte dos locais foi efetivamente entregue.

Enquanto isso, a própria Vodafone avançou significativamente na expansão de sua rede 5G, inclusive nos mesmos locais destinados à 1&1. A autoridade antitruste avalia que essas ações não apenas dificultaram a construção da infraestrutura da 1&1, como também beneficiaram a Vodafone ao adiar a chegada de mais um competidor ao mercado.

De acordo com Andreas Mundt, presidente do Bundeskartellamt, a disponibilização tardia dos locais contratados representa, com base nas informações obtidas até o momento, uma forma de obstrução anticoncorrencial e abusiva, gerando impactos negativos significativos sobre a concorrência.

Tentativas de acordo não avançaram

Desde o fim de 2023, o órgão vinha negociando com a Vodafone propostas de compromisso que pudessem solucionar as preocupações concorrenciais. No entanto, as sugestões apresentadas pelas empresas ficaram muito aquém do necessário. O Bundeskartellamt considerou os planos insuficientes para garantir o cumprimento do contrato com a 1&1.

Próximos passos e possíveis sanções

Com base em sua avaliação preliminar, o órgão pode ordenar a entrega dos locais restantes dentro de um prazo de três anos, acompanhada de medidas adicionais para garantir a efetividade da decisão. A notificação enviada às empresas ainda não é uma decisão final, mas permite que Vodafone e Vantage Towers apresentem suas defesas. A conclusão do processo está prevista para meados deste ano.

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Cresce o apetite por fusões e aquisições no Brasil: veja os negócios que ingressaram no CADE em abril de 2025

Brasília, 11 de abril de 2025

O WebAdvocacy disponibiliza uma base de dados exclusiva com todos os atos de concentração notificados ao CADE, atualizada regularmente com informações detalhadas sobre as principais operações que movimentam o mercado. Voltada aos assinantes da plataforma, essa ferramenta permite o acompanhamento estratégico de fusões, aquisições e incorporações em diferentes setores da economia. A seguir, apresentamos um panorama das operações que ingressaram no órgão antitruste em abril de 2025.

Varejo e indústria de alimentos seguem em expansão

A consolidação regional no setor supermercadista e a expansão industrial da Marilan marcam o avanço do varejo e da indústria de alimentos no país. Imagem: Divulgação

O setor supermercadista brasileiro manteve seu ritmo de consolidação em abril, com destaque para três operações regionais. Em Minas Gerais, a rede Supermercados BH notificou o CADE sobre a aquisição de 32 lojas, 8 postos de gasolina e 1 centro de distribuição da Cencosud Brasil Comercial S.A., ampliando significativamente sua presença no estado. No Rio de Janeiro, a Dom Atacarejo S.A. comprará uma loja de autosserviço em Nova Iguaçu, anteriormente operada pelo Obom Atacadista Ltda. Já no Rio Grande do Sul, o Supermercado Gauchão Ltda. expandirá sua atuação ao adquirir um ponto comercial da WMS Supermercados do Brasil Ltda., em Porto Alegre.

A Marilan Alimentos S.A. passará a controlar integralmente a Siena Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda., especializada na fabricação de panetones e produtos similares. A operação representa um movimento de expansão industrial com foco em produtos sazonais.

Educação, agronegócio e construção civil recebem aportes estratégicos

Investimentos diversificados fortalecem o ensino privado, impulsionam novos empreendimentos e dinamizam o agronegócio digital. Imagem: Divulgação 

No segmento educacional, o Centro de Educação Pantanal Ltda. tenta adquirir o controle do Colégio Antares S/S Ltda. e da Saber Comércio de Livros e Material Escolar Ltda., consolidando sua presença em instituições que atuam da educação infantil ao ensino médio. Na construção civil, a EZ TEC Empreendimentos e Participações S.A. passará a deter 50% da Osasco Lote 3 Empreendimentos Imobiliários SPE Ltda., anteriormente sob controle da Riva Incorporadora S.A., reforçando sua posição no mercado imobiliário. Já no agronegócio digital, o Fundo InovaBra I – Investimento no Exterior fez investimentos na GDCY Holding Ltd., controladora das plataformas Grão Direto, voltadas à comercialização de commodities agrícolas por meio de marketplaces.

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Supermercados BH notifica ao CADE aquisição de ativos da Cencosud em Minas


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Supermercados BH notifica ao CADE aquisição de ativos da Cencosud em Minas Gerais

Brasília, 10 de abril de 2025

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) recebeu, na última terça-feira (8), a notificação de um novo ato de concentração no setor varejista alimentar. A operação consiste na aquisição, pela rede Supermercados BH, de diversos ativos da Cencosud Brasil Comercial S.A. em Minas Gerais, incluindo lojas de autosserviço, postos de combustíveis e um centro de distribuição.

Expansão regional da rede mineira

A transação prevê a transferência de 32 lojas da Cencosud localizadas em 17 municípios mineiros, além de 8 postos de gasolina e um centro de distribuição em Ribeirão das Neves. Os ativos pertencem às bandeiras operadas pela Cencosud no estado, e passam a integrar a estrutura do Supermercados BH, que já atua fortemente em Minas e no Espírito Santo.

Segundo a petição submetida pelas empresas, a operação está alinhada à estratégia de expansão regional do Supermercados BH, que busca consolidar sua presença em municípios onde já atua de forma incipiente, além de entrar em novas localidades com potencial de mercado.

Justificativas e impacto concorrencial

Supermercados BH avança em sua estratégia de expansão regional com aquisição de ativos da Cencosud em Minas Gerais. Imagem: Reprodução/Supermercados BH

Na notificação enviada ao CADE, as empresas afirmam que a operação não gera preocupações concorrenciais relevantes, uma vez que a sobreposição das atividades é limitada e ocorre em mercados altamente competitivos, com intensa rivalidade local.

As partes também destacam que a participação de mercado conjunta nas regiões afetadas é baixa e que os indicadores de concentração (como o índice HHI) se mantêm dentro dos limites regulatórios. Por isso, solicitaram que a operação seja analisada pelo rito sumário, procedimento mais célere previsto na legislação concorrencial.

A alienação dos ativos faz parte de um movimento estratégico da Cencosud, que busca direcionar investimentos para outras regiões do país. A companhia chilena atua no Brasil por meio de diversas bandeiras, como GBarbosa, Bretas, Prezunic, Mercantil Atacado e Perini, com presença em nove estados e operação também por canais online.

Próximos passos

A operação está sendo analisada pela Superintendência-Geral do CADE, que poderá aprová-la sem restrições, propor condições ou instaurar uma investigação mais aprofundada, caso identifique riscos à concorrência. No entanto, dada a solicitação de tramitação sumária e os argumentos apresentados, a expectativa é de uma aprovação célere.

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CADE analisa ato de concentração da Marilan no mercado de panettones


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Google se compromete a reduzir restrições de concorrência em serviços automotivos e plataforma de mapas

Brasília, 10 de abril de 2025

O Google assumiu um compromisso com o Bundeskartellamt (o órgão antitruste da Alemanha) para remover diversas restrições de concorrência relacionadas aos seus serviços automotivos e à plataforma Google Maps. A medida pode trazer impactos significativos para o mercado europeu e internacional.

Mais liberdade para montadoras com os Google Automotive Services

Nos últimos anos, os sistemas de infotainment automotivo — os painéis digitais integrados aos veículos — passaram a incorporar uma variedade de serviços digitais, como navegação, lojas de aplicativos e assistentes virtuais. Um dos principais pacotes oferecidos atualmente é o Google Automotive Services, que inclui Google Maps, Google Play e o Google Assistente.

Até agora, os fabricantes de veículos só podiam contratar esses serviços como um pacote fechado. Com a mudança, o Google permitirá a aquisição individual dos componentes, dando maior liberdade para que as montadoras escolham e combinem os serviços de acordo com as preferências dos consumidores.

O presidente do Bundeskartellamt, Andreas Mundt, afirmou que a flexibilização permitirá que os fabricantes escolham livremente entre diferentes fornecedores de serviços, combinando-os conforme as necessidades dos clientes, o que, segundo ele, abre novas possibilidades para concorrentes desenvolverem soluções inovadoras junto às montadoras.

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União Europeia impõe novas tarifas sobre produtos dos EUA em resposta às medidas de Trump


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União Europeia impõe novas tarifas sobre produtos dos EUA em resposta às medidas de Trump

Brasília, 9 de abril de 2025

A União Europeia confirmou, nesta quarta-feira (9), a aplicação de tarifas adicionais sobre uma série de produtos americanos. A decisão vem como resposta direta às tarifas impostas pelos Estados Unidos à importação de aço e alumínio europeus. A primeira etapa da medida entrará em vigor já em 15 de abril.

Entre os bens afetados nessa fase inicial estão milho, arroz, vegetais congelados, sucos de frutas e alguns cosméticos, todos sujeitos a uma tarifa extra de 25%. Algumas exceções, como determinados têxteis, receberão tarifas de 10%.

Resposta em três fases, com novas taxas até dezembro

A Comissão Europeia elaborou um cronograma de resposta dividido em três etapas. Após a primeira rodada em abril, uma nova leva de tarifas será aplicada a partir de 16 de maio, atingindo produtos como carnes de aves, motocicletas, tabaco, refrigeradores, aço e plásticos industriais.

A terceira e última fase está prevista para 1º de dezembro de 2025 e incluirá sobretaxas sobre amêndoas e soja – dois produtos-chave na exportação americana.

Medidas visam manter equilíbrio comercial e respeitar regras da OMC

Nova rodada de tarifas da UE sobre importações dos EUA inclui alimentos e bens industriais, intensificando a tensão comercial entre os blocos. Imagem: Getty Images

Segundo a Comissão Europeia, o escalonamento das medidas busca respeitar os procedimentos da Organização Mundial do Comércio (OMC), que prevêem períodos obrigatórios de consulta entre as partes antes da imposição de retaliações comerciais.

No total, as importações americanas afetadas pelas novas tarifas da UE somam cerca de 22 bilhões de euros. Esse valor é próximo aos 26 bilhões de euros em aço e alumínio europeus que passaram a ser taxados pelos EUA.

UE tenta evitar escalada, mas avalia medidas mais duras

Apesar de não abrir mão de uma resposta firme, a União Europeia tem demonstrado cautela para evitar uma escalada da guerra comercial. Um exemplo disso foi a exclusão do bourbon americano da lista de produtos taxados, medida negociada especialmente por França e Itália para evitar retaliações mais severas no setor de vinhos e destilados.

Entre as medidas em estudo para fases futuras, está o chamado “instrumento anti-coercitivo”, um mecanismo ainda não utilizado que permitiria, por exemplo, bloquear o acesso de empresas americanas a contratos públicos na Europa. No entanto, essa proposta divide os Estados-membros e ainda está sendo debatida.

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Comissão Europeia multa cartel de automóveis em quase R$3 bilhões


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Fusões e aquisições disparam: CADE aprova 61 operações em março, com foco em energia, saúde e tecnologia

O mercado de fusões e aquisições segue em alta no Brasil. Segundo o novo Relatório de Atos de Concentração da WebAdvocacy, o CADE aprovou 61 atos de concentração em março de 2025 — um salto de 49% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A maioria dos processos foi julgada por rito sumário, indicando baixo risco concorrencial, mas quase metade apresentou impactos relevantes sobre o mercado.

Entre os casos de maior repercussão estão aquisições nos setores de energia, saúde e tecnologia, como a compra da Intelsat pela SES S.A. e a aquisição de ativos da Kimberly-Clark pela Klabin. O relatório também destaca o dinamismo do ambiente regulatório brasileiro, que tem conciliado agilidade na análise com atenção aos efeitos concorrenciais. O resultado? Um cenário de negócios aquecido, diversificado e em expansão.

Quer saber mais sobre os principais casos e o que isso revela sobre o momento econômico do país? Leia a matéria completa.

Fonte: Relatório de Atos de Concentração – WebAdvocacy, março de 2025.

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Mercado em Movimento: fusões e aquisições impulsionam setores estratégicos em janeiro de 2025

Mercado em Expansão: relatório mostra fusões e aquisições agitando o início de 2025


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