Editorial

Nesta segunda-feira (18.03) foi realizada a primeira reunião ministerial do governo Lula de 2024 e a motivação principal para esse encontro estava relacionada com a perda de popularidade do Presidente da República.

O diagnóstico para a queda da popularidade está associado com a não adesão do público evangélico ao governo atual e as razões são, entre outras coisas, o desalinhamento da pauta do atual governo com o conservadorismo de costumes e a comparação dos efeitos da guerra entre Israel e Hamas com o holocausto.

A preocupação e o incômodo com a não adesão do eleitorado evangélico ao seu governo resultaram na seguinte declaração por parte do mandatário do Brasil: “Religião não pode ser usada como instrumento político”.

Há um equívoco grave nesta declaração e que compromete ainda mais a adesão deste grupo de eleitores ao governo atual que é o fato de que esse grupo é de orientação pentecostal e neopentecostal e, de acordo com Machado (2015)[1], a participação na política eleitoral, mais do que um dever moral dos cristãos, é associada a um direito de uma minoria religiosa que sempre foi preterida pelo Estado e pela elite política, os chamados “crentes” ou evangélicos.

Por esta razão, a declaração proferida não amplia em nada a base de eleitores do atual Presidente da República. Primeiro porque religião e política sempre caminharam de mãos dadas no Brasil desde os primórdios e, segundo porque declarações como estas somente fortalecem o argumento da oposição de que o atual governo é um inimigo a ser batido.

Os evangélicos pentecostais ficaram mais longe do atual governo, pois, para esse grupo de eleitores a religião não se aparta da política, ela é a própria política.


[1] MACHADO, Maria das Dores Campos. Religião e Política no Brasil Contemporâneo: uma análise dos pentecostais e carismáticos católicos. Dossiê “Religião e política em outros termos” • Relig. Soc. 35 (2) • Jul-Dec 2015. Disponível em: SciELO – Brasil – Religião e Política no Brasil Contemporâneo: uma análise dos pentecostais e carismáticos católicos Religião e Política no Brasil Contemporâneo: uma análise dos pentecostais e carismáticos católicos. Acesso em: 20 de março de 2024.


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