Hotéis europeus se unem para processar Booking.com e pedir indenização
Brasília, 2 de junho de 2025
A tensão entre a indústria hoteleira e a plataforma Booking.com ganhou novas proporções no cenário europeu. A Hotrec, confederação europeia que representa o setor de hospedagem e da qual a Cehat (Confederação Espanhola de Hotéis e Alojamentos Turísticos) faz parte, anunciou que está preparando uma ação judicial contra a empresa por práticas consideradas anticoncorrenciais.
O processo busca reparações financeiras pelos danos causados pelas chamadas “cláusulas de paridade”, que impedem os hotéis de oferecerem preços mais baixos em seus próprios sites do que os anunciados na plataforma. Segundo os organizadores da ação, tais cláusulas limitaram a autonomia dos estabelecimentos e prejudicaram sua competitividade ao longo de duas décadas.
Decisão do Tribunal da União Europeia reforça iniciativa
A ofensiva jurídica ocorre na esteira de uma decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (CJUE), proferida em setembro de 2024, que considerou ilegais as cláusulas de paridade à luz da legislação de concorrência da UE. A partir desse entendimento, as entidades do setor passaram a argumentar que os hotéis europeus têm direito de buscar compensações financeiras e reaver parte significativa das comissões pagas à Booking.com entre 2004 e 2024, acrescidas de juros.
Aliança internacional de escritórios de advocacia
Na Espanha, a Cehat firmou uma parceria com o escritório CCS Abogados para organizar as reivindicações no país. A atuação será coordenada em nível europeu com a liderança do escritório alemão SGP Schneider Geiwitz, que tem histórico de litígios contra a plataforma, e venceu uma ação coletiva em nome de 2 mil hotéis na Alemanha em 2021.
Booking contesta interpretação da decisão
A Booking.com, por sua vez, contesta a interpretação feita pelas entidades hoteleiras sobre a decisão do CJUE. Em nota, a empresa afirma que a sentença responde a questões específicas levantadas por um tribunal de Amsterdã envolvendo cláusulas aplicadas na Alemanha entre 2006 e 2016.
“O tribunal não concluiu que tais cláusulas de paridade na Alemanha eram anticompetitivas ou que afetavam a concorrência. Agora, caberá ao tribunal de Amsterdã tomar uma decisão específica apenas sobre as cláusulas de paridade alemãs”, afirmou a plataforma.
A empresa também disse não ter sido oficialmente notificada sobre nenhuma ação de âmbito europeu e considera as alegações “equivocadas e enganosas”.
Histórico de sanções e apelações
Essa nova ofensiva surge pouco tempo depois da multa histórica imposta pela Comissão Nacional de Mercados e Concorrência (CNMC), regulador espanhol da concorrência, que penalizou a Booking.com em € 143 milhões por abuso de posição dominante.
A empresa recorreu da decisão e, em março de 2025, obteve uma medida cautelar que suspendeu temporariamente o pagamento da penalidade enquanto o processo segue em tramitação na Justiça.
Fonte: SUR in English
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