Editorial

Ontem o INEP1 disponibilizou os resultados do Brasil Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) para o ano de 2022. 

Fonte: Gov.br 

Elaboração: WebAdvocacy – Direito e Economia 

Uma leitura apressada da figura 1 poderia nos dizer que as médias obtidas pelos alunos brasileiros no PISA 2022 não se alteraram muito em relação àquelas observadas no ano de 2018, podendo até dizer que houve estabilidade entre os dois programas.  

Da mesma forma, um leitor desatento poderia não achar as colocações do Brasil no PISA 2022 nos conteúdos de matemática, leitura e ciências tão ruim assim, afinal de contas os alunos do Brasil estariam classificados entre os 100 melhores do mundo. 

Pois é!! O problema é que a estabilidade dos números incomoda porque estão estabilizados em médias muito baixas. Historicamente, as médias próximas de 400 são limites inferiores para dois terços dos estudantes nos países da OCDE. Em geral, estes estudantes obtêm entre 400 e 600 pontos2

  Também incomoda o fato de que a amostra do PISA 2022 se limitou a 81 países, o que significa dizer que o Brasil ficou entre os 17 piores países no desempenho de matemática; entre os 28 piores países no desempenho de leitura e entre os 20 piores países no desempenho de ciências. Não por outra razão, ficamos atrás de alguns países latino-americanos, como o Chile, Uruguai, México e Costa Rica3.   

Tabela 1. Pontuações médias do Brasil e dos países da OCDE 

Conteúdo   2018 2022 Variação 
Matemática Brasil 384 379 -1,3% 
OCDE 489 472 -3,5% 
Diferença 105 93   
Leitura Brasil 413 410 -0,7% 
OCDE 487 476 -2,3% 
Diferença 74 66   
Ciências Brasil 404 403 -0,2% 
OCDE 489 485 -0,8% 
Diferença 85 82   

Fonte: Gov.br4 

Não há nenhuma surpresa na comparação das médias do Brasil com as médias dos países da OCDE. Mesmo que houvesse uma melhora muito grande, ficar com as médias atrás da OCDE já era esperado. 

Está bem, poderíamos dizer que não foi só o Brasil que piorou na comparação do PISA 2022 com o PISA 2018. A tabela 1 mostra que as médias dos países da OCDE também pioraram e, percentualmente pioraram mais que o Brasil (tabela 1). 

A questão citada no parágrafo anterior intriga, mas em nada melhora a situação da educação brasileira. Afinal de contas, o Brasil continua com uma defasagem educacional considerável em relação aos países da OCDE. 

Fonte: Gov.br  

Elaboração: WebAdvocacy – Direito e Economia 

Conquanto os resultados do Brasil tenham piorado menos que os resultados da OCDE, a estabilidade dos números apresentados na figura 2 incomoda e incomoda muito, pois ela mostra que o aprendizado de matemática, de leitura e o aprendizado de ciências dos alunos brasileiros está 4,7 anos, 3,3 anos e 4,1 anos5 defasados, respectivamente, em relação ao aprendizado de matemática, leitura e o aprendizado de ciências dos alunos dos países da OCDE. 

Estabilidade é uma palavra que pode significar tanto firmeza e solidez quando uma condição de invariabilidade. Infelizmente, a estabilidade observada nos resultados do PISA 2022 estão mais para uma condição de imobilidade em patamares muito aquém do desejável para um país da grandeza do Brasil. 

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