No meio do caminho, guerra, quebra de bancos e desarranjo fiscal.

Editorial

Nada é perfeito, não é mesmo!!! Os livros de economia e as teorias econômicas contidas nele, ao contrário do que se andou a falar por aí, é o guia da sociedade e não está fora de moda. No entanto, como tudo que fazemos na vida, miramos no mundo ideal e acertamos no mundo real ou, de outra forma “jogo é jogo e treino é treino”.

Com a fixação da taxa Selic, que é a taxa de juros básica da economia brasileira, também utiliza-se o mesmo ditado: “jogo é jogo e treino é treino”. É preciso lembrar que o Brasil adota o modelo de metas de inflação desde 1999 e os resultados obtidos desde lá não são bons nem ruins, são apenas os resultados de algo que, até que prove o contrário, é o melhor método para controlar inflação, pelo menos na terra Brasilis.

Apenas para lembrar, o Conselho Monetário Nacional define uma meta de inflação para o ano e o instrumento que calibra o alcance desta meta é a taxa de juros definida pelo Comite de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil em suas reuniões ao longo do ano.

De maneira simples, o Copom eleva a taxa básica de juros (Selic) hoje com o objetivo de fazer a inflação convergir para a meta definida no final do ano. Trocando em miúdos, a taxa de juros hoje ajusta a trajetória da inflação amanhã.

Tudo muito lindo e muito belo, principalmente se as hipóteses utilizadas no modelo estiverem ajustadas. No entanto, não é tão simples assim!!! Por mais que os sofisticados modelos de previsão utilizados pelo Bacen e pelo mercado incorporem incertezas e as tente controlar, elas são incertezas e, como tal, são incontroláveis.

O caminho é o seguinte: há uma guerra Rússia/Ucrânia a mais de 1 ano sem previsão de final, bancos internacionais importantes como o Credit Suisse estão indo a lona e, não menos importante, temos um desajuste extremo em nossas contas fiscais. É muita incerteza no caminho, não!?!

É verdade que muito desta incerteza já estava precificada, principalmente a guerra da Rússia/ Ucrânia e o desarranjo fiscal, mas, como dissemos anteriormente, “jogo é jogo e treino é treino”. Quem diria que naquela fatídica tarde de 2014 na Arena Mineirão a seleção brasileira iria levar 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo?

Para piorar, há uma conexão direta entre a taxa Selic e a dívida pública brasileira, haja vista que grande parte da nossa dívida interna está indexada a esta variável, o que significa dizer que elevação da taxa básica de juros majora o valor do numerador na relação Dívida/PIB e, tudo o mais constante, esta relação também vai para os “céus”.

Pois é!!! Apesar da imperfeição do mecanismo de metas e das intercorrências não controláveis (guerra, quebra de bancos e arcabouço fiscal), tudo o que não precisamos é de mais incertezas. A insatisfação é legítima e as críticas responsáveis devem ser feitas, no entanto, precisamos acreditar naquilo que somos e que construímos, teoria econômica e instituições são exemplos. Do contrário, perderemos a referência e o rumo do caminho.

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