Ambev avança na geração de energia e notifica o CADE sobre parcerias em parques eólicos no Piauí e na Bahia

Aquisições viabilizam autoprodução de energia eólica no Nordeste
Ambev avança na geração de energia e notifica o CADE sobre parcerias estratégicas no setor elétrico
Investimentos em energia renovável: Ambev aposta na autoprodução a partir do vento nordestino. Imagem: G1

Brasília, 21 de maio de 2025

A Ambev, tradicionalmente conhecida pela produção de cervejas e bebidas não alcoólicas, está ampliando seu campo de atuação ao investir no setor de energia elétrica. 

Neste mês de maio, a companhia notificou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) duas operações distintas envolvendo a aquisição de participações minoritárias em projetos de geração de energia eólica nos estados do Piauí e da Bahia. As iniciativas fazem parte de uma estratégia voltada à autoprodução de energia para consumo próprio, por meio de modelos societários que garantem previsibilidade, sustentabilidade e redução de custos operacionais.

Parceria com a Neoenergia: foco em sustentabilidade e previsibilidade

No ato de concentração nº 08700.005026/2025-25, a Ambev celebrou um acordo com a Neoenergia S.A. para adquirir participação acionária em três sociedades de propósito específico (SPEs): Oitis 3, Oitis 5 e Oitis 7 Energia Renovável S.A., responsáveis por projetos eólicos localizados em Dom Inocêncio, no Piauí. Embora a Neoenergia Renováveis permaneça como acionista controladora, a operação permitirá que a Ambev utilize a energia gerada por essas SPEs no modelo de autoprodução por equiparação.

De acordo com a petição apresentada ao CADE, a operação não implica transferência de controle e tem como objetivos principais a redução de custos operacionais, o fortalecimento da estratégia de sustentabilidade da companhia e a segurança energética de longo prazo para suas unidades produtivas.

Aliança com o Grupo Engie: projeto eólico na Bahia

Parques eólicos como os de Dom Inocêncio (PI) e Sento Sé (BA) agora fazem parte da estratégia energética da Ambev. Imagem: Sento Sé Notícias

Já no ato de concentração nº 08700.004991/2025-81, a Ambev formalizou a aquisição de participação minoritária em uma empresa que será controlada pela Engie Brasil Energias Complementares Participações Ltda. Essa empresa deterá, de forma direta ou indireta, cinco SPEs responsáveis por projetos de geração de energia eólica localizados no município de Sento Sé, na Bahia.

Assim como na parceria com a Neoenergia, a estrutura da operação tem como finalidade viabilizar a autoprodução por equiparação. Segundo o formulário apresentado ao CADE, a participação adquirida não confere à Ambev qualquer poder de controle sobre o negócio. Além disso, a empresa não pretende atuar como agente econômico no setor elétrico, mantendo seu foco no uso da energia para consumo próprio. A operação, portanto, foi estruturada exclusivamente para suprir a demanda energética da companhia, sem efeitos adversos à concorrência no mercado de geração.

CADE analisará os atos sob rito sumário

As duas operações foram submetidas ao CADE sob o rito sumário, utilizado para casos que não oferecem riscos à concorrência. As partes envolvidas sustentam que não há sobreposição horizontal ou integração vertical relevante entre suas atividades e que as participações adquiridas não conferem poder de controle sobre os projetos.

As operações refletem uma tendência crescente entre grandes consumidores industriais de energia no Brasil: a busca por alternativas sustentáveis e financeiramente vantajosas, como a autoprodução por equiparação — prevista no artigo 26 da Lei nº 11.488/2007, que instituiu o REIDI e regulamenta esse modelo de geração para consumo próprio.

Nova frente estratégica da Ambev

A movimentação da Ambev indica uma mudança relevante no posicionamento estratégico da companhia. Tradicionalmente restrita ao setor de bebidas e alimentos, a empresa começa a explorar novas possibilidades em infraestrutura energética, ainda que com foco exclusivo em seu próprio consumo.

Esse passo, embora ainda limitado à participação minoritária em projetos específicos, reforça o compromisso da empresa com práticas sustentáveis e pode sinalizar um movimento mais amplo de diversificação de ativos entre grandes grupos do setor industrial brasileiro.

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