Brasília, 16 de maio de 2025
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, na última quarta (15), a suspensão imediata da comercialização, distribuição, propaganda e uso de todos os lotes dos suplementos da marca Power Green, comercializados principalmente através da internet. A decisão foi formalizada por meio da Resolução RE 1.821/2025 e representa mais um passo da agência na intensificação da fiscalização de produtos classificados indevidamente como suplementos alimentares no Brasil.
Irregularidades na composição e na rotulagem
De acordo com a Anvisa, os produtos da marca Power Green estavam indevidamente registrados como suplementos alimentares, uma vez que continham ingredientes não permitidos para essa categoria, como:
- Castanha-da-índia
- Gengibre
- Ginseng
- Ora-pro-nóbis
- Valeriana
- Maca peruana
Essas substâncias, embora amplamente conhecidas na medicina popular, não estão autorizadas para uso em suplementos alimentares por não atenderem aos critérios de segurança e eficácia exigidos pela legislação sanitária brasileira.
Além disso, segundo o Manual da Anvisa, até mesmo as embalagens precisam conter todos os pontos a seguir, para circularem livremente no mercado de suplementos alimentares:
- Recomendação de uso do produto com quantidade e frequência diária de consumo para cada grupo populacional e faixa etária.
- Advertências gerais e específicas, que variam de acordo com a composição ou forma de administração do suplemento alimentar.
- Restrição de uso, quando o produto não puder ser consumido por determinado grupo.
- Tabela nutricional, com descrição das quantidades de nutrientes, substâncias bioativas, enzimas, probióticos.
- Lista de ingredientes, com todos os constituintes usados na formulação.
- Declaração da presença de alergênicos, glúten e lactose.
Além de não atender a todos esses critérios, os produtos analisados promoviam, segundo a Agência, alegações terapêuticas não autorizadas, como melhora da circulação sanguínea, alívio de dores e inflamações, tratamento de distúrbios do sono, aumento da fertilidade e da libido, entre outras. Tais garantias não têm respaldo científico reconhecido e violam as regras de propaganda estabelecidas pela Anvisa.
A agência alerta que “suplementos alimentares não são medicamentos e, por isso, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças”. De acordo com a publicação, eles devem ser consumidos apenas como complemento à alimentação por pessoas saudáveis, com o objetivo de fornecer nutrientes e substâncias bioativas em níveis seguros.
Suplementos alimentares: o que são e como são regulamentados?
A categoria de suplementos alimentares foi criada no Brasil em 2018, como forma de reunir e regulamentar diversos produtos que antes se encontravam dispersos entre classificações como “alimentos para atletas”, “suplementos vitamínicos e minerais” e outros.
Com essa reestruturação normativa, a Anvisa definiu limites mínimos e máximos, ingredientes permitidos, advertências obrigatórias e restrições por grupos populacionais específicos.
Caracteriza-se como suplemento alimentar regulado apenas os produtos que respeitem os seguintes critérios:
- Substâncias que possuam comprovação científica de segurança;
- Quantidade de consumo segura que esteja claramente determinada;
- Produtos que não apresentem alegações terapêuticas ou medicinais;
- Ingredientes de origem sintética ou não alimentares podem estar presentes, uma vez que passem por avaliação criteriosa;
- Substâncias naturais também podem representar riscos, se altamente concentradas.
Riscos do consumo de suplementos irregulares
Segundo a Anvisa, grande parte dos riscos à saúde associados ao uso de suplementos alimentares vem de produtos irregulares, como os da Power Green. Além de, diversas vezes, garantirem efeitos supostamente milagrosos, sem respaldo técnico, muitos desses suplementos:
- Contêm substâncias não autorizadas ou mal avaliadas;
- São indicados de forma indiscriminada, sem considerar faixas etárias, condições de saúde ou restrições específicas;
- São vendidos com rótulos enganosos, que desrespeitam as normas sanitárias vigentes.
A nota técnica da Anvisa pontuou que o consumidor deve “sempre desconfiar de promessas milagrosas” de cura ou bem-estar, ao comprar esse tipo de produto, especialmente pela internet. A Agência ainda fez, na publicação oficial, um alerta direto ao consumidor: “Fique atento às indicações do fabricante e às advertências ou restrições presentes na rotulagem. Não compre gato por lebre”, conclui a análise sobre o efeito de suplementos.
“Os suplementos são destinados a pessoas saudáveis como uma opção para complementação nutricional, no caso de dietas restritivas, alterações metabólicas, atividade física intensa, entre outros. Pessoas doentes ou com condições específicas, por exemplo deficiência de nutrientes, devem procurar um profissional de saúde habilitado para receber orientações de consumo”, confirma a Agência de Vigilância Sanitária em seu texto oficial.
Para entender melhor a legislação, os limites de uso e as substâncias autorizadas nos suplementos alimentares, acesse a página oficial da Anvisa sobre suplementos alimentares e consulte a Biblioteca de Normas de Alimentos.
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