BRB compra 58% do Banco Master por R$ 2 bilhões: entenda os impactos da operação bilionária no setor bancário

Transação bilionária reacende debate sobre concentração bancária e estratégia de funding de bancos médios no Brasil
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Montagem: BRB/Fosbes

Brasília, 07/04/2025

O Banco de Brasília (BRB) anunciou, no dia 28 de março de 2025, a compra de 58% do capital total do Banco Master, marcando uma das maiores movimentações no setor bancário brasileiro dos últimos anos. A aquisição — que inclui 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do Master — será realizada por R$ 2 bilhões, o mesmo valor que os atuais acionistas do Master deverão injetar na instituição, totalizando um reforço de R$ 4 bilhões.

A operação, que ainda depende da aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), está “em linha com a estratégia de expansão e fortalecimento de sua posição no mercado financeiro”, segundo informou o BRB em declaração oficial.

Master lucrou R$ 1 bilhão em 2024 e dobrou patrimônio

No dia 1º de abril, o Banco Master divulgou seu balanço referente a 2024, evidenciando o bom momento da instituição: o lucro líquido foi de R$ 1 bilhão e o patrimônio líquido chegou a R$ 4,74 bilhões — o dobro do registrado em 2023.

Boa parte do crescimento do Master nos últimos anos se deve à emissão agressiva de CDBs (Certificado de Depósito Bancário) e CDIs (Certificado de Depósito Interbancário) com altas taxas de retorno, uma estratégia que atraiu investidores em busca de rentabilidade, mas também acendeu algumas alertas no mercado.

Segundo o próprio banco, os títulos emitidos somam R$ 45 bilhões, sendo que 42% estão cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), responsável por proteger os clientes contra o endividamento de instituições financeiras. Em declaração recente, o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, reforçou que essa política não é exclusiva da instituição:

“A emissão de CDBs com atratividade é um modelo de negócio de todos os bancos médios e não apenas do Master”.

O mercado segue atento à divulgação do balanço de 2024 do BRB, prevista para as próximas semanas. Foto: Pexels

Análise: operação do BRB pode beneficiar ambos os lados

Em entrevista ao CNN Money, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola avaliou a operação como “tecnicamente adequada”, destacando que o processo parece seguir os padrões exigidos em fusões e aquisições, inclusive com auditorias independentes.

Para Loyola, a transação pode trazer vantagens estratégicas para ambas as partes:

“Para o BRB, representa uma oportunidade de acesso a operações do Master que, conforme o balanço, demonstram rentabilidade expressiva. […] Já para o Master, a transação pode ampliar sua capacidade de funding, reduzindo a dependência de CDBs garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC)”.

Concorrência e investigação

Apesar da análise positiva, Loyola também ponderou que a operação definitivamente mexe com a concorrência e tende a gerar oposição:

“É claro que mexe com a concorrência, tem sempre opositores.”

Além da avaliação regulatória, a transação será acompanhada de perto por órgãos de fiscalização. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) já instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da transação.

O que vem pela frente?

Enquanto aguarda a liberação do BC e do Cade, o mercado segue atento à divulgação do balanço de 2024 do BRB, prevista para as próximas semanas. Os dados ajudarão a entender melhor a resiliência da instituição pública para sustentar a aquisição e suas projeções de expansão.

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