Brasília, 24/02/2025
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que anteriormente já havia rejeitado uma proposta de Donald Trump para conceder acesso dos EUA às reservas estratégicas de minerais do país, mudou de tom neste domingo (23/02). O líder ucraniano sinalizou abertura para negociações de minerais estratégicos com os americanos, afirmando que, agora, estão “prontos para compartilhar”.
A declaração vem após Trump defender que os recursos minerais ucranianos deveriam ser parte de uma contrapartida pelo apoio dos EUA à Ucrânia na guerra contra a Rússia. “Eu disse que quero o equivalente a, tipo, US$ 500 bilhões [aproximadamente R$ 2,9 trilhões] em terras raras, e eles essencialmente concordaram em fazer isso”, afirmou o ex-presidente em entrevista à Fox News, no dia 10 de fevereiro.
A riqueza mineral da Ucrânia
A Ucrânia abriga vastos depósitos de minerais estratégicos, incluindo as chamadas “terras raras”. Esses elementos, 17 ao todo, são essenciais para a produção de dispositivos tecnológicos modernos, como smartphones, computadores e equipamentos médicos. Entre os principais estão o neodímio, usado na fabricação de ímãs de alto desempenho, e o disprósio, fundamental para a indústria de energia renovável.
A complexidade das negociações é influenciada pelo fato de boa parte dessas reservas estar localizada em regiões atualmente ocupadas pela Rússia, como Donetsk e Luhansk. A extração desses minerais também apresenta alguns desafios ambientais, pois ocorre frequentemente junto a elementos radioativos como tório e urânio, exigindo processos de separação quimicamente complexos e de alto custo.
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ToggleImpacto geopolítico: Zelensky, Trump e China
A possível cessão desses recursos aos EUA poderia alterar significativamente o equilíbrio econômico e estratégico global. Atualmente, a China domina a produção e o refino de terras raras, e um acordo entre EUA e Ucrânia poderia reduzir essa dependência ocidental, reforçando a aliança entre Washington e Kiev.
Desse modo, o recuo de Zelensky, que antes defendeu que não iria “vender o Estado” para Donald Trump, pode ser interpretado como uma estratégia para garantir o suporte militar americano no conflito contra a Rússia, segundo especialistas.
O que está em jogo na corrida mineral de Trump?
Os EUA, por meio das declarações de Donald Trump, demonstram interesse em acessar as reservas minerais ucranianas, em parte, para reduzir a dependência da China, que domina a produção e o processamento desses materiais.
Atualmente, a China lidera o mercado global de “terras raras”, controlando entre 60% e 70% da produção mundial e quase 90% da capacidade de processamento. Essa dependência é vista com preocupação pelos Estados Unidos, especialmente no contexto de rivalidade comercial e segurança nacional.
Esses minerais são essenciais para a produção de tecnologias de ponta, desde equipamentos médicos até carros elétricos; mas além desses aparelhos, eles também são cruciais para elaborar sistemas de defesa militar. Dessa forma, o interesse dos EUA não se resume ao fornecimento de recursos, mas também aplaca uma estratégia para reduzir a influência política e econômica da China no setor.
Diante desse cenário, a guerra na Ucrânia ganha uma nova dimensão, onde além da disputa territorial, há um jogo econômico e político de grande impacto global.
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