Josefina Guedes e Denise Mazzaro Naranjo
Relações Comerciais – Presente e Futuro
A história das relações diplomáticas e consulares dos Estados Unidos e do Brasil se iniciou desde a independência dos Estados Unidos, em 1776. A partir de então, os dois países vêm mantendo relações amistosas e duradouras, desde a época do Brasil como colônia de Portugal. A história documenta que navios mercantes norte-americanos já atracavam nos portos brasileiros como Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Os primeiros consulados norte-americanos surgiram na década de 1810 em Recife e no Rio de Janeiro. Com a independência do Brasil em 1822, essa relação se aprofundou e vem se mantendo cada vez mais próxima.
Cabe lembrar que na Segunda Guerra Mundial o Brasil enviou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) para auxiliar os Aliados na Campanha da Itália liderada pelos Estados Unidos. Com o término da guerra, o Brasil começou a emergir como uma potência regional e importante líder em assuntos internacionais na América do Sul. Diante disso, os Estados Unidos e o Brasil têm mantido boas relações, fortes e ativas, inclusive abrangendo uma ampla agenda política e econômica, que tem resultado na geração de grandes investimentos estratégicos para os dois países até os dias de hoje.
Os Estados Unidos são o 2o maior parceiro comercial do Brasil, sem considerar serviços e investimentos, ficando somente atrás da China, tendo registrado, em 2023, intercâmbio total com o Brasil de US$ 74,8 bilhões, destacando-se como o maior destino das exportações brasileiras de manufaturados e semimanufaturados.
10 Principais destinos das exportações brasileiras – US$ FOB milhões | ||||||
Países | 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | |
1 | China | 104.324,81 | 89.427,76 | 87.907,89 | 67.788,08 | 63.357,52 |
2 | Estados Unidos | 36.915,46 | 37.437,81 | 31.145,21 | 21.471,03 | 29.715,90 |
3 | Argentina | 16.712,21 | 15.344,65 | 11.878,46 | 8.488,74 | 9.791,50 |
4 | Holanda | 12.148,38 | 11.927,91 | 9.316,02 | 6.705,00 | 7.159,16 |
5 | México | 8.571,68 | 7.050,91 | 5.560,49 | 3.829,39 | 4.898,47 |
6 | Chile | 7.944,78 | 9.094,25 | 7.018,69 | 3.849,84 | 5.162,89 |
7 | Espanha | 7.858,77 | 9.747,54 | 5.433,17 | 4.056,87 | 4.042,57 |
8 | Singapura | 7.459,25 | 8.396,20 | 5.820,71 | 3.670,98 | 2.880,57 |
9 | Japão | 6.620,22 | 6.619,79 | 5.539,50 | 4.127,28 | 5.431,77 |
10 | Canadá | 5.772,28 | 5.396,84 | 4.922,33 | 4.229,94 | 3.381,61 |
Fonte: Comexstat/MDIC
Em 2023, o Brasil foi a 9a maior economia do mundo e a 1a da América Latina, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,1 trilhões. É interessante observar que, considerando a atração de capital estrangeiro, o país é o 5o maior destino de investimentos estrangeiros diretos no mundo, tendo atingido, em 2022, a marca histórica de US$ 86 bilhões. De acordo com o Censo Demográfico 2022, a população do Brasil chegou a 203 milhões de habitantes. Os Estados Unidos segue sendo a maior economia do mundo, responsável por 26,1% do Produto Interno Bruto global, tendo registrado em 2023 um PIB de US$ 27,4 trilhões, 54,9% superior ao da China.
De acordo com a UNCTAD, foi o país que mais atraiu investimentos estrangeiros diretos tendo, em 2022, chegado ao montante de US$ 285 bilhões, valor 50,7% superior aos investimentos da China, segunda colocada. Em 2023, a população total chegou a 335,1 milhões de habitantes, o que posiciona o país como o terceiro no mundo em termos populacionais, garantindo um mercado fantástico para o consumo diante do seu poder de compra da população, fator que tem direcionado, após o COVID-19, uma politica de atração para reindustrialização de sua economia, principalmente para setores estratégicos como segurança, saúde, segurança alimentar, energia entre outros.
A pauta exportadora norte-americana é diversificada e abrange uma variedade significativa setores econômicos, incluindo hidrocarbonetos, medicamentos, veículos, autopeças, componentes eletrônicos e equipamentos de telecomunicações. Além disso, as exportações são desconcentradas em termos de valor exportado, sendo que nenhum dos dez principais grupos de produtos exportados teve participação superior a 10% do valor total das exportações, em 2023, e o restante dos grupos de produtos (“Outros”) compôs 61,6% desse valor, garantido uma diversidade gigantesca de produtos.
Principais grupos de produtos exportados pelos EUA | ||
Grupo de Produtos | Valor Exportado em 2023 (US$ milhões) | Participação (%) |
Operações especiais e commodities não classificadas de acordo com o tipo | 180.677,3 | 8,9 |
Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus | 117.160,5 | 5,8 |
Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) | 112.833,3 | 5,6 |
Medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários | 72.501,1 | 3,6 |
Veículos automóveis de passageiros | 63.034,8 | 3,1 |
Válvulas e tubos termiônicos, de cátodo frio ou foto-cátodo, diodos, transistores | 51.903,7 | 2,6 |
Equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios | 49.742,8 | 2,5 |
Partes e acessórios dos veículos automotivos | 47.880,8 | 2,4 |
Gás natural, liquefeito ou não | 41.969,4 | 2,1 |
Instrumentos e aparelhos de medição, verificação, análise e controle | 37.830,4 | 1,9 |
Outros | 1.243.625,5 | 61,6 |
Total | 2.019.159,7 | 100,0 |
Fonte: Trade Map/ITC (Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos – Brasil – EUA)
Com relação ao destino das vendas externas norte-americanas, cerca de 1/3 do total exportado foi para Canadá (17,5%) e México (16%), demonstrando o quão integradas estão as economias da América do Norte, fruto do acordo de livre comércio entre esses 3 países. Analisando-se os principais destinos das exportações norte-americanas em 2023, constata-se que o Brasil está em 10º lugar, o que nos garante uma posição de destaque, e de interesse comercial para os Estados Unidos, ainda mais com as novas políticas de onshoring e nearshoring, em que o Brasil pode usufruir papel preponderante nesse novo cenário, atraindo investimentos principalmente nos setores estratégicos norte-americanos, visto que possuímos uma diversificada energia limpa disponível que poderá agregar valor imensurável para as duas economias.
Destino das exportações norte-americanas em 2023 | |
1º Canadá | US$ 352,8 bilhões (17,5%) |
2º México | US$ 323,2 bilhões (16,0%) |
3º China | US$ 147,8 bilhões (7,3%) |
4º Países Baixos | US$ 82,2 bilhões (4,1%) |
5º Alemanha | US$ 76,7 bilhões (3,8%) |
….. | |
10º Brasil | US$ 44,8 bilhões (2,2%) |
Fonte: Trade Map/ITC (Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos – Brasil – EUA)
Em relação às importações norte-americanas originárias do Brasil, constata-se significativa diversificação, possuindo vários setores econômicos, podendo-se afirmar como muito rica e equilibrada quando comparamos a pauta de importação do Brasil em relação aos Estados Unidos, pois observa-se produtos de alto valor agregado, o que resulta em altos salários para os brasileiros, investimentos em pesquisa e tecnologia, gerando riqueza para o Brasil e não somente para os Estados Unidos.
Principais grupos de produtos importados pelos EUA | |
Grupo de Produtos | Valor importado 2023 (US$ milhões) |
Veículos automóveis de passageiros | 210.288,3 |
Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus | 172.426,2 |
Equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios | 149.392,7 |
Operações especiais e commodities não classificadas de acordo com o tipo | 125.058,9 |
Medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários | 107.786,0 |
Máquinas de processamento automático de dados e suas unidades, para registrar dados, leitores magnéticos ou óticos | 104.094,4 |
Outros medicamentos, incluindo veterinários | 89.784,9 |
Partes e acessórios dos veículos automotivos | 88.928,3 |
Máquinas e aparelhos elétricos | 75.504,5 |
Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) | 68.927,7 |
Outros | 1.980.341,3 |
Total | 3.172.533,1 |
Fonte: Trade Map/ITC (Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos – Brasil – EUA)
Em 2023, o comercio bilateral Brasil – EUA apresentou uma corrente de comércio de US$ 74,9 bilhões e uma balança comercial deficitária para o Brasil, em mais de US$ 1,0 bilhão, mas com significativa recuperação, quando comparamos com o grande déficit do Brasil, em 2022, no montante de US$ 13,9 bilhões. A pauta exportadora brasileira para os Estados Unidos evidencia a diversificação de setores como: ferro, aço, hidrocarbonetos, aeronaves, equipamentos de engenharia civil, material de construção, alimentos e bebidas, tendo sido a indústria da transformação responsável, em 2023, por 80,9% das vendas nacionais para o mercado norte-americano.
Exportação e Importação Brasileiras para os Estados Unidos (US$ FOB milhões) | |||||
2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | |
Exportação | 36.915,46 | 37.437,81 | 31.145,21 | 21.471,03 | 29.715,90 |
Importação | 37.958,90 | 51.304,35 | 39.385,25 | 27.875,75 | 34.774,25 |
Corrente de Comércio | 74.874,36 | 88.742,17 | 70.530,46 | 49.346,78 | 64.490,15 |
Balança Comercial | -1.043,44 | -13.866,54 | -8.240,04 | -6.404,72 | -5.058,36 |
Fonte: Comexstat/MDIC
É importante destacar que, apesar de a China liderar o ranking das exportações brasileiras, as vendas externas para o mercado norte-americano têm considerável maior impacto na atividade econômica brasileira, devido à alta participação de bens da indústria de transformação, principalmente os de maior intensidade tecnológica. Em 2023, foram exportados pelo Brasil aos Estados Unidos US$ 36,9 bilhões de, principalmente, setores da indústria de transformação como siderurgia, metalurgia e aeronaves.
As importações brasileiras de mercadorias de origem norte-americana que, em 2023, foram de US$ 37,9 bilhões, também se mostraram bem diversificadas, com destaque para hidrocarbonetos e petroquímicos.
Como evidenciado no estudo “Brasil—Estados Unidos: Um Comércio Exterior de Destaque”, da Secex/MDIC e Amcham, os Estados Unidos se tornaram o maior parceiro comercial do Brasil no Século XX, sendo que, entre 2001 e 2023, foram o principal destino das exportações brasileiras de produtos com maior valor agregado e de alta tecnologia, representando, em média, 47,7% do total exportado pelo Brasil nesse segmento. Desde o final do Século XX até 2008, posicionaram-se como o principal destino das exportações brasileiras. Destaca-se que, somente a partir de 2009, a China passou a ser o principal destino das exportações brasileiras devido, principalmente, ao aumento sem precedentes nos preços de exportação para a China de diversas commodities.
Em vista dos aspectos observados, apesar de os Estados Unidos terem deixado o posto de maior destino das exportações brasileiras, a partir de 2009 estes seguem sendo o principal destino das vendas externas de produtos industriais e de maior intensidade tecnológica. Em 2023, os bens de alta intensidade tecnológica representaram 40,9% das exportações para os Estados Unidos, posicionando esse país como o principal destino dessas exportações.
Tomando-se como base a classificação de atividades econômicas ISIC “Indústria de Transformação”, o Brasil exportou, em 2023, US$ 29,9 bilhões para os Estados Unidos e US$ 18,5 bilhões para a China. Por outro lado, considerando-se o ISIC “Agropecuária”, foram exportados US$ 44,3 bilhões para a China contra somente US$ 1,7 bilhão para os Estados Unidos. É notório que exportações de produtos com um maior valor agregado geram mais empregos, maior renda e impacto em toda a cadeia de valor.
Exportações Brasileiras para China e Estados Unidos em US$ FOB milhão | |||||||
China | Descrição ISIC Seção | 2023 | Estados Unidos | Descrição ISIC Seção | 2023 | ||
Agropecuária | 44.388,15 | Indústria de Transformação | 29.865,74 | ||||
Indústria Extrativa | 41.253,77 | Indústria Extrativa | 5.141,23 | ||||
Indústria de Transformação | 18.517,38 | Agropecuária | 1.685,70 | ||||
Outros Produtos | 165,51 | Outros Produtos | 222,79 | ||||
Fonte: Comexstat/MDIC
Segundo o estudo da Secex e Amcham, entre os fatores que explicam a exportação de mercadorias de maior intensidade industrial e tecnológica pelo Brasil aos Estados Unidos está a presença histórica de muitas empresas norte-americanas, evidenciando a parceria comercial e de investimentos ao longo dos anos entre os dois países. Tanto que os Estados Unidos é o maior investidor direto na economia brasileira, representando 4 vezes o valor total dos investimentos da China no Brasil, segundo dados da SelectFlorida apresentados no Investment Forum da CFBACC realizado em 19/08/2024 em Orlando.
Segundo o mesmo estudo da Secex e Amcham, foram identificados segmentos tecnológicos para novas parcerias comerciais com os Estados Unidos tais como combustível de aviação sustentável, semicondutores, baterias e equipamentos médicos. O ano de 2023 se destacou pelo número recorde de anúncios de investimentos de empresas norte-americanas no Brasil, com um registro de 126 projetos, aumento de 50% em relação a 2022, sendo considerado o maior número de anúncios de investimentos dos Estados Unidos no Brasil dos últimos dez anos.
Destaca-se que, apesar de os investimentos norte-americanos no Brasil sempre se darem em setores como financeiro, petróleo e gás, os setores de serviços de TI e manufaturas vêm se destacando nos últimos anos. Conforme mostra o estudo “Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-Estados Unidos (Apex Brasil e Amcham)”, em 2023, houve uma mudança significativa para setores da economia como tecnologia e economia verde. Dos mais de US$ 7 bilhões em investimentos greenfield anunciados, US$ 3 bilhões foram destinados a data centers, US$ 610 milhões destinados a minerais para transição energética (como lítio e alumínio), e US$ 230 milhões para energia eólica.
Esse Mapa destaca também significativo aumento nos investimentos de empresas brasileiras nos Estados Unidos que, em 2023, chegaram ao montante de US$ 581 milhões, refletindo interesse de empresas brasileiras pelo mercado norte-americano nos setores de alimentos, químicos e produtos de metais.
A Apex Brasil e a Amcham identificaram 41 projetos setoriais com os Estados Unidos, resultando em oportunidades para exportadores brasileiros de cerca de US$ 930 bilhões. Os principais grupos com oportunidades de exportações do Brasil aos Estados Unidos são: máquinas e equipamentos de transporte, obras de ferro e aço, materiais de construção em geral e produtos de madeira e móveis, calçados, café não torrado e produtos químicos.
Salientando, que a Florida é o estado com a presença de investimentos significativos de empresas brasileiras, como Gerdau, Embraer, Bauducco, Construção Civil, Financeiros, Tecnologia, Suzano e a Klabin, no setor de pasta de celulose e papel, Cutrale, um dos maiores produtores e exportadores de suco de laranja no mundo, além de outros alimentos. e outros setores.
Investimentos dos EUA no Brasil Principais Destinos do Estoque de Investimento Direto dos EUA em 2022 | |||
Ranking | Países | Posição (US$ Milhões) | Participação |
1º | Reino Unido | 1.077.519 | 16,40% |
2º | Holanda | 944.604 | 14,40% |
3º | Luxemburgo | 605.304 | 9,20% |
4º | Irlanda | 574.323 | 8,70% |
5º | Canadá | 438.766 | 6,70% |
6º | Ilhas do Reino Unido | 430.395 | 6,50% |
7º | Cingapura | 309.441 | 4,70% |
8º | Suíça | 212.235 | 3,20% |
9º | Bermuda | 206.389 | 3,10% |
10º | Alemanha | 190.237 | 2,90% |
11º | Austrália | 173.653 | 2,60% |
12º | México | 130.274 | 2,00% |
13º | China | 126.104 | 1,90% |
14º | França | 112.017 | 1,70% |
15º | Hong Kong | 89.437 | 1,40% |
16º | Brasil | 80.963 | 1,20% |
17º | Japão | 77.489 | 1,20% |
18º | Bélgica | 61.456 | 0,90% |
19º | Suécia | 60.280 | 0,90% |
20º | Índia | 51.553 | 0,80% |
Total (20 países) | 5.952.439 | 90,40% | |
Total no Exterior | 6.581.044 | 100,00% | |
Estoque de investimento estrangeiro direto dos Estados Unidos no exterior foi US$ 6,6 trilhões, em 2022 (Bureau of Economic Analysis (BEA)) | |||
Fonte: Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil – EUA; 2024; ApexBrasil |
Ainda conforme o Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos, o Brasil foi o 7o principal destino de anúncios de investimento greenfield estadunidense no mundo, com um valor acumulado de investimentos de US$ 41,5 bilhões entre 2013 e 2023.
Setores com Investimentos Greenfield anunciados pelos EUA no Brasil (2013-2023) | |||||
Setor | Nº Projetos | Capex (US$ milhões) | Participação (%) | Empregos Estimados | Empresas |
Software (Hospedagem Web) | 166 | 10.288 | 24,8% | 13.387 | 88 |
Fabricação de Veículos | 27 | 7.055 | 17,0% | 8.387 | 13 |
Armazenagem e Transporte | 40 | 4.294 | 10,3% | 5.997 | 18 |
Máquinas e Equipamentos | 81 | 3.082 | 7,4% | 14.732 | 45 |
Setor Elétrico | 8 | 2.822 | 6,8% | 2.511 | 5 |
Alimentos e Bebidas | 30 | 2.386 | 5,7% | 6.270 | 15 |
Produtos Químicos | 64 | 2.362 | 5,7% | 8.387 | 29 |
Metalurgia | 13 | 1.753 | 4,2% | 2.328 | 10 |
Serviços Profissionais | 73 | 776 | 1,9% | 2.406 | 60 |
Produtos Plásticos | 13 | 654 | 1,6% | 1.587 | 8 |
Outros | 366 | 6.039 | 14,5% | 26.423 | 187 |
Total | 881 | 41.510 | 100,0% | 92.415 | 478 |
Fonte: Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil – EUA; 2024; ApexBrasil
A Califórnia se posiciona como o principal estado investidor, alocando aproximadamente US$ 13,4 bilhões (33,6% do total), em 171 projetos (23,5% do total), seguido do estado de Nova York, com cerca de US$ 3,8 bilhões. Outros estados apresentam investimentos substanciais, como: Illinois, Michigan, Virgínia, Flórida, Texas e Pensilvânia.
Estados de origem dos anúncios de investimento greenfield dos EUA no Brasil (2013-2023) | |
1º Califórnia | US$ 13,4 bilhões |
2º Nova York | US$ 3,8 bilhões |
3º Illinois | US$ 2,6 bilhões |
4º Michigan | US$ 2,5 bilhões |
5º Virginia | US$ 2,1 bilhões |
6º Florida | US$ 2,1 bilhões |
7º Texas | US$ 2 bilhões |
8º Pensilvania | US$ 2 bilhões |
9º Minessota | US$ 1,2 bilhão |
10º Georgia | US$ 1,1 bilhão |
Fonte: Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil – EUA; 2024; ApexBrasil
O Comércio Brasil x Flórida
A Flórida é o 7o estado exportador dos Estados Unidos. Sobre a relação comercial do Brasil com esse estado, analisando-se os dados estatísticos da Enterprise Florida, pode-se observar que a balança comercial entre o Brasil e a Flórida vem mantendo altos níveis, tendo o Brasil como maior parceiro comercial. No período 2020-2023, os valores totais de comércio entre Brasil e Flórida foram de: US$ 49,4 bilhões (2020), US$ 70,5 bilhões (2021), US$ 88,7 bilhões (2022) e US$ 74,9 bilhões (2023), representando o estado norte-americano, em média, 15% dos valores totais de comércio dos Estados Unidos.
O Brasil está entre os 10 principais mercados de destinos das exportações da Flórida para o mundo, sendo seguido por Colômbia, Chile, República Dominicana, Argentina e Costa Rica.
Com relação às importações da Flórida, a China se destaca como maior fornecedor, seguida pelo Japão, Chile, México e Brasil. Ou seja, o Brasil é o 5o maior fornecedor para esse estado. Chama a atenção o México ser membro do acordo do NAFTA há anos, mas aparecer como o 4o lugar, visto que todas as tarifas de importação e regulamentos que regem o comércio de bens e serviços já estarem completamente harmonizados, o que assegura a eliminação de barreiras não-tarifárias e de outros instrumentos equivalentes que seriam impeditivos para o comércio.
Além dos dados positivos de comércio de bens e serviços, o Brasil é o 8o no ranking quando o tema é investimentos na Flórida, segundo estudo do Consulado Geral de Miami. Além disso, a boa receptividade para os brasileiros no estado, tem gerado um grande surgimento de muitas pequenas e médias empresas. Esse resultado tem garantido que 96% das exportações da Flórida sejam realizadas por pequenas e médias empresas, com 500 ou menos empregados, cabendo observar que os brasileiros são grande parte desse percentual.
Com relação à criação de empregos no estado da Flórida, o Brasil está entre os 13 países que mais criam empregos, com cerca de 4.700 posições com seus investimentos diretos realizados. Além disso, o Brasil se destaca nos serviços financeiros com a presença de bancos como o Bradesco, BB Américas e vários hedge funds, family offices, etc. Ainda segundo estudo realizado pelo Consulado Geral de Miami, o setor que se destaca é a construção civil, seguida por pedras ornamentais, pisos cerâmicos, granitos, MDF, indústria de móveis, produtos de aço e metalurgia.
A forte presença brasileira se destaca também no setor de real estate. Segundo the National Association of Realtors Research Group, com investimentos de cerca de US$ 2 bilhões, sendo na maior parte em imóveis de alto luxo no sul da Flórida, com 65% desses investimentos em Miami, Fort Lauderdale, West Palm Beach e 20% em Orlando, Kissimmee e Sanford Area.
Outro setor forte é o turismo, pois é um setor que gera muitos investimentos, renda e empregos. Até 2020, o Brasil ocupava o 3 o lugar no número de pessoas que visitavam esse estado, com um gasto médio por visitante maior que os demais países.
O estado da Flórida e o Brasil têm uma parceria mutuamente benéfica por muitas décadas, sendo esse estado norte-americano a principal porta de entrada para empresas brasileiras interessadas no mercado norte-americano, enquanto o Brasil tem sido consistentemente classificado como o principal parceiro comercial da Flórida em todo o mundo. O Brasil vem ocupando uma posição estratégica, tendo se consolidado como um importante polo de negócios para a América Latina, fortalecendo-se como um parceiro comercial fundamental. Dados da SelectFlorida indicam que o Brasil é o maior parceiro comercial da Flórida, tendo sido registrado em 2022, um comércio bilateral total de US$ 22,6 bilhões.
Conclusão
Os excelentes estudos desenvolvidos pela Amcham, Apex Brasil, MRE, MDIC e SelectFlorida evidenciam a relevância do mercado norte-americano para, principalmente, a indústria de transformação incrementar suas exportações de produtos de maior valor agregado e tecnologia avançada, investir e receber investimentos dos Estados Unidos. A ampliação das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos levará ao fortalecimento da indústria nacional, aumentando a inserção do Brasil no mercado norte-americano, gerando mais empregos e remuneração das empresas, promovendo o crescimento econômico sustentável e gerando benefícios mútuos para ambos os países.
Josefina Guedes – Diretora e Fundadora da GBI Consultoria e Diretora da CFBACC – Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos de Centro Flórida e AEB- Associação de Comércio Exterior do Brasil
Denise Mazzaro Naranjo – Engenheira Química e Consultora de Comércio Internacional e Conselheira Técnica da AEB – Associação de Comércio Exterior do Brasil
Bibliografia
Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos – Brasil e Estados Unidos. ApexBrasil; Amcham. 2024
Brasil-Estados Unidos: um comércio exterior de destaque. ApexBrasil; Amcham. 2024
Perfil de comércio e investimentos. ApexBrasil. 2024
Conexões Flórida-Brasil. SelectFlorida. 2023
Monitor do Comércio BRASIL – EUA. Amcham 2023
Josefina Guedes – Diretora e Fundadora da GBI Consultoria e Diretora da CFBACC – Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos de Centro Flórida e AEB- Associação de Comércio Exterior do Brasil
Denise Mazzaro Naranjo – Engenheira Química e Consultora de Comércio Internacional e Conselheira Técnica da AEB – Associação de Comércio Exterior do Brasil