Editorial

Há uma inquietação em torno da situação dos aeroportos no Rio de Janeiro. O Governador de Estado e o Prefeito da cidade do Rio de Janeiro não se conformam com a situação do aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim (vulgo Galeão) e sugerem que o algoz disso tudo é o aeroporto Santos Dumont (e, consequentemente, a Infraero), que atualmente encontra-se com o uso quase que completo de sua capacidade.

Como planejadores que são, ou que acham que são, sugerem soluções bastante questionáveis para devolver os tempos áureos ao Galeão, sendo uma delas a imposição da restrição de que o aeroporto Santos Dumont somente deva se ocupar das pontes aéreas Rio-São Paulo e Rio-Brasília, ficando todos os demais voos direcionados para o aeroporto internacional.

Ora, deve-se questionar se soluções como estas tem alguma chance de dar certo ou, melhor: essa solução fica de pé?

A resposta é claramente não!!! Não se divide mercado se reconquista!!! No entanto, é preciso garantir que haja condições equilibradas de concorrência entre o Galeão e os demais aeroportos, em especial aqueles ainda sob administração da Infraero.

O diagnóstico de que o Galeão está sendo predado pelo Santos Dumont é uma simplificação do que está ocorrendo. Nos últimos anos o que se viu foi a perda de importantes voos internacionais do Galeão para o aeroporto de Guarulhos em São Paulo, e mesmo para Viracopos. Será que a perda de voos domésticos do Galeão para o Santos Dumont é parte da causa da perda de voos internacionais (todo hub internacional deve ter uma malha doméstica que garanta que os passageiros que cheguem em voos internacionais pelo Galeão possam pegar conexões para outros Estados do país) ou é consequência (com menos voos internacionais não há movimento de conexão para um maior número de voos domésticos)?

Se o turismo é uma vocação do Rio de Janeiro e se durante muitos anos o aeroporto do Galeão foi a porta de entrada do Brasil, por que cargas d’agua devemos acreditar que dividir o mercado doméstico é a solução para o Galeão?

Na verdade, a solução mencionada tem o condão de piorar muito as condições do passageiro, sobretudo o carioca, e não melhorar em nada as condições do aeroporto do internacional do Galeão.

Raciocinemos conjuntamente!!!

Conforme dito anteriormente, uma das propostas é deixar para o aeroporto de Santos Dumont somente as pontes aéreas Rio-São Paulo e Rio-Brasília. Não basta aumentar o número de voos domésticos no Galeão para garantir o incremento dos voos internacionais. É necessária a definição de um plano estratégico para a retomada do movimento neste aeroporto que deve integrar estas duas frentes. Além disso, é importante que se entenda quais são os drivers relevantes para este aumento no movimento no Galeão, o que deve levar em consideração a equalização das condições de concorrência da concessionária do Galeão com os dos seus concorrentes (em especial a Infraero) e também fatores relevantes para os passageiros, como o incremento da segurança nas áreas próximas ao aeroporto e no caminho para os principais bairros da cidade.

A solução proposta pelos administradores do Estado e da Município não induz necessariamente a internacionalização do Galeão, que é a sua vocação, pois as saídas e chegadas internacionais continuarão sendo feitas por Guarulhos com ponte aérea saindo e chegando do e para o aeroporto de Santos Dumont.

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