Novo governo, antigas ideias. Ou seriam velhas ideias?
Editorial
As palavras antigo e velho são dois adjetivos que qualificam e classificam o substantivo programa, mas que possuem significados bem distintos um do outro, muito embora o senso comum os utilize como se sinônimos fossem.
O adjetivo antigo implica uma avaliação mais positiva ou ao menos neutra da antiguidade da obra, ao passo que o adjetivo velho inspira depreciação e negatividade. Dizer que uma obra é antiga é completamente diferente de dizer que uma obra é velha. No primeiro caso, estão embutidos atributos positivos de antiguidade, como, por exemplo, tradição enquanto que para o adjetivo velha está implícito o abandono, por exemplo.
E, aí? O PAC é um programa antigo ou um programa velho?
O PAC foi um programa de investimentos públicos lançado no segundo mandato do primeiro governo Lula e que tinha como objetivo fomentar a economia por meio de gastos públicos em obras relativas a saneamento, habitação, transporte, energia e recursos hídricos.
Usando os adjetivos antigo e velho apresentados nos parágrafos anteriores, é possível se atribuir à orientação tipicamente keynesiana do PAC o adjetivo antigo ao programa, no sentido de que o novo governo retoma uma política com características de um modelo econômico consagrado, inspirado pela obra “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” de John Maynard Keynes[1][2].
A teoria keynesiana faz parte da tradição, pois tem a sua marca registrada na história do pensamento econômico e, como tal, encontra-se inserida no mundo das ciências sociais.
Mas, e o que dizer da política pública denominada PAC?
Bom, aí a coisa muda de figura!!! O adjetivo antigo, que dá um atributo positivo a teoria keynesiana, tem grande chance de dar lugar ao adjetivo velho, pois o programa traz consigo a lembrança recente, ainda que questionável, da malversação dos recursos públicos em projetos desta natureza.
Mas os significados dos adjetivos antigo e velho estão no radar do mandatário. Não é por outro motivo que se busca um nome que se afaste da sigla PAC, pois sabe-se que a antiga política fiscal keynesiana pode ser um bom caminho, mas o velho desgaste dos “erros” do passado pode ser a encruzilhada.
[1] KEYNES, John Maynard. Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Ed. Atlas. 1982.
[2] John Maynard Keynes (Cambridge, 5 de junho de 1883 — Tilton, East Sussex, 21 de abril de 1946) foi um economista britânico e membro do Partido Liberal cujas ideias mudaram fundamentalmente a teoria e prática da macroeconomia, bem como as políticas económicas instituídas pelos governos. Ele fundamentou as suas teorias noutros trabalhos anteriores que analisavam as causas dos ciclos econômicos, refinando-as enormemente e tornando-se amplamente reconhecido como um dos economistas mais influentes do século XX e o fundador da macroeconomia moderna.[1][2][3][4] O trabalho de Keynes é a base para a escola de pensamento conhecida como keynesianismo, bem como suas diversas ramificações. (John Maynard Keynes – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org))