CMA avalia se Google ainda precisa seguir exigências feitas sobre proteção de dados e anúncios online

Mudança de postura da gigante tecnológica leva regulador britânico a reavaliar necessidade de medidas antitruste
CMA reavalia exigências feitas ao Google sobre proteção de dados e concorrência
Após revisão de postura, Google pode ser liberado de obrigações impostas por sua proposta de substituir cookies de terceiros. Imagem: Annegret Hilse/Reuters

Brasília, 16 de junho de 2025

A Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) anunciou na última sexta-feira (13) a abertura de uma consulta pública para decidir se deve liberar o Google dos compromissos firmados em 2022 no âmbito do projeto Privacy Sandbox. A iniciativa do regulador britânico surge após a empresa ter abandonado, em abril deste ano, a proposta de inserir um aviso individual aos usuários do navegador Chrome sobre o bloqueio de cookies de terceiros.

Esses compromissos foram originalmente estabelecidos para evitar que as mudanças promovidas pelo Google em suas tecnologias de publicidade digital prejudicassem a concorrência. O receio da CMA era de que a eliminação dos cookies de terceiros pudesse fortalecer indevidamente a posição da empresa no mercado publicitário online, um setor avaliado em bilhões de libras no Reino Unido.

Proteções visavam garantir concorrência justa no setor de publicidade digital

O Privacy Sandbox é um conjunto de ferramentas proposto pelo Google com o objetivo declarado de equilibrar a privacidade dos usuários com as necessidades do mercado publicitário. A proposta envolvia o fim dos cookies de terceiros no navegador Chrome, substituindo-os por soluções menos invasivas à privacidade. No entanto, desde 2021, a CMA vem monitorando o desenvolvimento desse projeto, preocupada com a possibilidade de que as mudanças acabassem favorecendo os próprios serviços de tecnologia publicitária do Google em detrimento de seus concorrentes.

Para mitigar esses riscos, a empresa firmou compromissos vinculantes com a CMA, que incluíam, entre outros pontos, a necessidade de garantir que os recursos do Privacy Sandbox fossem projetados de maneira neutra em relação à concorrência. Agora, diante do novo posicionamento da empresa – que optou por manter os cookies de terceiros e dar mais autonomia aos usuários –, o regulador considera que tais medidas podem ter perdido seu propósito.

“A CMA acredita que os compromissos não são mais necessários e agora está em consulta antes de tomar uma decisão sobre divulgá-los ainda neste ano”, disse a autoridade em seu comunicado.

Consulta pública vai até julho e pode encerrar capítulo regulatório

Com o anúncio da nova consulta, a CMA abre espaço para que interessados no tema possam enviar contribuições até às 23h55 do dia 4 de julho. A decisão final sobre a liberação dos compromissos será tomada após a análise dessas manifestações.

Caso o Google seja formalmente liberado das obrigações, a medida poderá marcar o encerramento de um capítulo importante na atuação do órgão regulador frente às mudanças de privacidade conduzidas por grandes empresas de tecnologia.

Fonte: Gov.UK

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