Brasília, 22/01/2025
Conhecida popularmente como “rodovia da morte”, a via é famosa pelo alto fluxo industrial e pelas pistas extremamente sinuosas, com baixa manutenção. A conexão entre Belo Horizonte e Governador Valadares também apresenta outros problemas estruturais, como a falta de iluminação e sinalização eficientes. Atravessando o Vale do Aço, o trecho é crucial para o escoamento de produtos industriais, interligando Minas Gerais aos estados de São Paulo e Espírito Santo.
Mudanças bilionárias
A concessão prevê um investimento de R$ 10 bilhões (tanto de despesas operacionais quanto de capital), incluindo a duplicação de 106 km, a construção de 83 km de faixas adicionais e 23 passarelas novas para pedestres.
Além disso, estão planejadas 51 correções de traçado, incluindo novas áreas de escape, Pontos de Parada e Descanso (PPD) para caminhoneiros e pontos de atendimento ao usuário com um Centro de Controle de Operações (CCO).
A concessão também inclui a instalação de pelo menos cinco praças de pedágio em cidades como Caeté, João Monlevade e Governador Valadares.
A cobrança, com tarifas básicas variando entre R$ 10,75 e R$ 13,75 por praça, começará após 12 meses, período destinado à realização de melhorias iniciais, como revitalização asfáltica e sinalização.
Segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, o governo também executará obras “nos próximos meses para garantir o cronograma que o presidente Lula exigiu”.
Um histórico desafiador
A BR-381 registra tráfego médio de 24,7 mil veículos por dia e é marcada por alto índice de acidentes, devido às pistas simples e à falta de manutenção adequada.
Entre 2018 e 2023, foram registrados 3.960 acidentes no trecho concedido, resultando em 420 mortes. Somente entre janeiro e setembro de 2024, ocorreram 464 acidentes na BR-381 em Betim, representando 23% dos acidentes da rodovia em Minas Gerais concentrados em apenas 24 quilômetros.
Na manhã desta quarta-feira, mesmo dia da aprovação da concessão, três pessoas morreram em uma colisão entre uma caminhonete e uma carreta.
Próximos passos
Mesmo diante dos parâmetros atuais, a concessão foi celebrada como um grande marco, após diversas tentativas fracassadas de execução ao longo de gestões anteriores. Apesar do avanço no projeto, o histórico trágico da rodovia e a logística das obras de duplicação abrem espaço para dúvidas sobre a efetividade e o impacto imediato das mudanças.
Em 2024, o governo federal definiu novos prazos e valores para a duplicação de trechos críticos da BR-381, buscando retomar as obras e melhorar a segurança viária. No entanto, as obras de duplicação, iniciadas em 2014, enfrentaram diversos atrasos e paralisações ao longo da última década.
A efetividade dessas iniciativas dependerá, portanto, da superação dos desafios históricos que marcaram a gestão da rodovia, além de uma boa execução e de uma manutenção governamental eficiente.
Com a assinatura do contrato, a expectativa é de que a BR-381 passe por uma transformação significativa, deixando de ser símbolo de medo popular para se tornar uma via moderna, eficiente e, principalmente, segura.
por Gustavo Barreto
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