Uma homenagem ao Dr. Rodrigo Marinho Crespo e Brenda dos Santos de Oliveira
Editorial
“Advocacia não é profissão de covardes”, proferiu Sobral Pinto, palavras que ecoam com uma ressonância dolorosa no ano de 2024. Neste ano, para além dos desafios intrínsecos do sistema judiciário, dos prazos apertados, das reuniões exaustivas e da incansável luta diária dos profissionais do direito brasileiro, testemunhamos eventos que abalam a própria convicção na justiça e na equidade, fazendo-nos questionar a segurança daqueles que se dedicam a esses nobres valores e os defendem em sua profissão.
Na fatídica segunda-feira de 26 de fevereiro, o advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, foi covardemente assassinado em frente à sede da Ordem de Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro. Saindo do edifício em que trabalhava, acompanhado de seu sobrinho, o advogado especializado em causas cíveis e empresariais foi alvo de 11 disparos por criminosos que fugiram em um veículo branco, ainda não identificado pelas autoridades responsáveis pelo caso. Os assassinos de Rodrigo Marinho agiram rapidamente, ceifando-lhe a vida sem levar consigo qualquer bem material. A principal hipótese é de que tenha sido uma execução premeditada.
Ainda fresco em nossa memória, o trágico episódio ocorrido no dia 31 de janeiro reitera a crueldade dos ataques dirigidos à advocacia brasileira. A Dra. Brenda dos Santos de Oliveira, de apenas 26 anos, teve seu veículo alvejado por criminosos não identificados logo após ela e seu cliente deixarem a Delegacia de Polícia Civil de Santo Antônio. A jovem advogada foi brutalmente executada em pleno exercício de seu ofício, ao lado de seu cliente, testemunhando que o perigo espreita em cada esquina, mesmo nos momentos mais corriqueiros.
Esses eventos são muito mais do que simples crimes contra indivíduos; são ataques diretos à justiça, à democracia e à própria essência do Estado de Direito. São atos que minam a confiança no poder da lei e semeiam o terror entre a classe dos advogados, terror este repercutido por todas as redes sociais.
Diante desses eventos sombrios, Sheyner Asfóra, atual presidente da Abracrim Nacional, requer para que o Projeto de Lei 996/15 seja revisado, incluindo em seu texto a consideração da morte de advogados em razão de seu ofício como crime hediondo. Inicialmente destinado apenas aos servidores do Ministério Público e magistrados, essa revisão é vital para enviar uma mensagem clara de que a sociedade não tolerará mais esses atos covardes.
Se tal revisão será feita ou não e se isso constrangerá os criminosos a não cometerem mais esses atos? O futuro talvez nos traga as respostas. Até lá, o que se sabe é que o legado dos Drs. Rodrigo e Brenda transcendem vidas individuais e que permanecerão como uma dura inspiração pela luta a favor de uma advocacia realmente honrada e protegida.