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Estudo aponta ideias para novas regras fiscais que devem substituir teto de gastos

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06/02/2023 – 19:19   •   Atualizado em 06/02/2023 – 20:56

Estudo do consultor de Orçamento do Senado Federal Fernando Bittencourt que compara cinco propostas de regras fiscais para substituir o chamado teto de gastos concluiu que o modelo mais ajustado aos critérios de seleção é o proposto por técnicos do Tesouro Nacional no ano passado (com alguns acréscimos). A ideia é fixar a trajetória esperada para a dívida pública com base em projeções fiscais de médio prazo.

O governo deve enviar para o Congresso Nacional no primeiro semestre uma proposta de lei complementar para substituir o teto de gastos, que atualmente prevê um crescimento anual máximo das despesas pela inflação do ano anterior.

Ilustração Orçamento, emendas parlamentares nLei orçamentária

Bittencourt defende o modelo proposto no ano passado por técnicos do Tesouro Nacional

O modelo dos técnicos do Tesouro determina que, a cada dois anos, seja revisto o crescimento das despesas de acordo com a trajetória do endividamento. Se a dívida estiver em alta, as despesas não poderão crescer acima da inflação caso o montante do endividamento seja de 55% do Produto Interno Bruto (PIB) ou mais. Se estiver entre 45% e 55% do PIB, o crescimento real poderia ser de 0,5%. E se estiver inferior a 45%, os gastos poderiam subir mais 1% acima da inflação. Se a trajetória for de queda da dívida, os percentuais são maiores.

Também haveria a possibilidade de uma maior expansão de gastos em caso de aumento dos resultados primários, ou seja, quando o governo estiver obtendo economia de receita de impostos.

O texto ainda sugere limites diferenciados para o Poder Executivo e para os demais Poderes, além de gatilhos de contenção das despesas obrigatórias caso elas ultrapassem determinados percentuais do limite.

Mas o consultor Fernando Bittencourt acredita que é necessário ter regras que favoreçam a economia de recursos em momentos de expansão econômica e de crescimento dos gastos nas depressões econômicas:

“Então a ideia é que em momentos de expansão, ele faça o efeito contrário. Ou seja, o Estado acumule recursos, gere algum tipo de superávit ou algum tipo de poupança. Esfriando um pouco a economia e acumulando recursos para que, em um momento de queda, em um momento de recessão, ele tenha recursos disponíveis para fazer uma política fiscal anticíclica.”

O consultor ainda afirma que é preciso definir bem as cláusulas de escape em caso de necessidade, como foi a pandemia de Covid-19.

Projeções fiscais
Outra crítica que Fernando Bittencourt faz é em relação à necessidade de considerar todas as despesas nas projeções fiscais, inclusive as financeiras.

“Qual é a lógica aceitável de elevação de juros ou não, de elevação da Selic ou não? Ela vai ter um efeito anti-inflacionário por um lado, mas por outro você vai ter um efeito fiscal. O papel do arcabouço neste caso, mesmo que o governo não tenha controle direto, ingerência direta sobre essa despesa financeira, é evidenciar o efeito deste universo”, diz.

Uma terceira observação é quanto à ideia de garantir recursos para despesas discricionárias, mas imprescindíveis. Neste caso, o governo teria que prever a formação de reservas.

“Para eu ter a garantia de previsibilidade de recursos para algumas atividades prioritárias, que é necessária para uma boa gestão, é inevitável que eu coloque algum tipo de reserva no montante total da despesa. Isso significa reduzir outras despesas neste valor.”

Para o consultor Fernando Bittencourt, o novo arcabouço fiscal também precisa dar transparência ao peso das renúncias tributárias nas projeções fiscais.

Confira a íntegra do estudo

Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Ana Chalub

Fonte: Agência Câmara de Notícias


Relógio já está correndo para novo marco fiscal

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Da Agência Senado | 06/02/2023, 17h03

  • Planalto tem até o dia 31 de agosto para mandar proposta para o Congresso
  • Jefferson Rudy/Agência Senado

Proposições legislativas

Um dos principais objetivos apontados para o Congresso Nacional no ano de 2023 já está pressionando a agenda dos parlamentares. A elaboração de um novo marco fiscal, que substituirá o teto de gastos, tem data marcada para acontecer: o Executivo tem até o dia 31 de agosto para enviar a proposta.

Mesmo antes desse prazo, o assunto deverá ser tema de debates e negociações no Congresso. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), antecipou que o Planalto deve enviar a proposta ainda no mês de maio.

A data de 31 de agosto foi determinada pela Emenda Constitucional (EC) 126, fruto da PEC da Transição, que deu a largada no processo de criação de uma nova âncora para a política fiscal brasileira. A EC 126 diz que a nova regra deverá vir na forma de um projeto de lei complementar. Diz também que, quando a nova lei for sancionada, o atual teto de gastos será revogado. Assim, o próximo marco fiscal não estará inscrito na Constituição e, portanto, será mais fácil de modificar.

A emenda não traz nenhuma diretriz para o conteúdo da nova regra fiscal, o que significa que a discussão está aberta. Várias propostas circulam, e senadores têm afirmado não se prender a nenhuma delas por enquanto. O senador Randolfe Rodrigues afirma que a única certeza neste momento é quanto aos princípios que devem orientar a norma.

— Necessitamos de uma âncora fiscal pautada pelo princípio básico de que o Estado não pode gastar mais do que arrecada, mas ela não pode inibir o crescimento econômico. Esse marco tem que ser de responsabilidade, mas não pode engessar.

Na oposição, a ideia de uma nova regra fiscal também está entre as prioridades do ano. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse entender que a prosperidade econômica do país depende de um cenário fiscal organizado.

— Estamos aqui para trabalhar pelas pautas que signifiquem desenvolvimento econômico para o país. Isso passa por um equilíbrio fiscal. Temos que estar atentos a isso — afirmou ele na quarta-feira (1º), dia em que tomou posse.

No mesmo dia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, incluiu a nova âncora fiscal no discurso que fez aos senadores recém-empossados. Ao falar dos desafios que aguardam os novos parlamentares, ele defendeu uma reforma fiscal e o “enxugamento” do Estado.

— Não podemos permitir que se acabe com a responsabilidade fiscal no nosso país, que é uma conquista da modernidade. Temos que garantir que se combata a gastança desenfreada do Estado brasileiro. Busquemos um Estado necessário: o enxugamento da máquina, arrecadação sustentável, corte de gastos púbicos.

Pacheco voltou a defender a responsabilidade fiscal na quinta-feira (2), durante a sessão solene de abertura do ano legislativo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também deu destaque ao “novo paradigma fiscal” como uma das prioridades do Congresso

Por sua vez, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, falou sobre o tema dirigindo críticas ao teto de gastos que vigora atualmente. Na mensagem presidencial que enviou ao Congresso, Lula assumiu o compromisso de buscar o controle fiscal em parceria com o Legislativo, ao mesmo tempo que condenou o modelo atual como “destrutivo” e “inócuo”.

— Encontramos um Estado em profundo desequilíbrio fiscal. O teto de gastos teve efeitos destrutivos sobre as políticas sociais, ao mesmo tempo que se tornou absolutamente inócuo como instrumento de controle. Vamos construir um novo regime fiscal para o Brasil. Submeteremos à apreciação do Congresso Nacional regras que assegurem previsibilidade e credibilidade ao nosso país. É de nosso máximo interesse reorganizar o mais breve possível a situação para que possamos voltar a investir nos brasileiros.

Enquanto o novo marco não é criado, continua vigente o teto de gastos original, criado em 2016 pela Emenda Constitucional (EC) 95. O teto estabelece que as despesas primárias de cada Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União só podem subir de um ano para o outro no limite da inflação — ou seja, não podem ter crescimento real.

As exceções a essa regra são créditos extraordinários, despesas não recorrentes para a realização das eleições, aumento de capital em estatais e transferências constitucionais obrigatórias — entre as quais estão royalties de petróleo, partilha do Imposto de Renda e complementação da União na manutenção e desenvolvimento do ensino. A emenda constitucional também garante o ajuste dos pisos de investimento da União em educação e saúde pela mesma regra da limitação de gastos (correção pela inflação).

O teto foi estabelecido para durar 20 anos, com a possibilidade de revisão do critério de correção dos gastos na metade da sua vigência, por lei complementar.

Propostas

A equipe econômica que trabalhou no grupo de transição do atual governo federal elaborou um formato de regra fiscal que envolveria estabelecer uma “meta de gastos”. Ela seria calculada a cada ano a partir de fatores como projeções de receitas e trajetória da dívida pública.

Cada área da administração teria sua própria meta e a definição dessa referência deveria fazer distinção entre as despesas correntes e os investimentos de longo prazo. Haveria a previsão de acomodar situações excepcionais, como catástrofes e crises econômicas, e de promover avaliações periódicas de custo-benefício e de qualidade da despesa, 

A meta serviria de orientação, mas, ao contrário do teto de gastos, não haveria nenhum tipo de gatilho para contenção de despesas em caso de trajetória acima da curva, como contingenciamentos automáticos.

A proposta foi divulgada pela imprensa, mas o governo não se comprometeu com esse modelo.

No Senado, circulou no ano passado iniciativa da senadora Leila Barros (PDT-DF) (PEC 34/2022) que instituiria o chamado “regime fiscal sustentável”: a cada ano, o Executivo teria que enviar para aprovação do Senado uma série de diretrizes fiscais de médio prazo. A PEC acabou incorporada à PEC da Transição, mas seu conteúdo não foi aproveitado. Veio dela, porém, a diretriz de que o governo federal tem até 31 de agosto para enviar o novo marco fiscal.

A Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado Federal (Conorf) divulgou na sexta-feira (3) um texto da série “Orçamento em Discussão” que trata das possibilidades para o novo marco fiscal. O texto avalia, além das propostas da equipe de transição e da PEC 34/2022, outras três sugestões desenvolvidas por diferentes órgãos e economistas, e identifica os pontos convergentes entre todas.

Segundo a análise, assinada pelo consultor Fernando Moutinho Ramalho Bittencourt, a maioria das propostas entende que uma âncora fiscal precisa trabalhar sobre a trajetória da dívida e considerar elementos fora do controle direto da política fiscal, como crescimento da economia e taxa de juros. A fórmula escolhida deve também prever circunstâncias de exceção às regras que sejam objetivas e claras e incentivar a revisão periódica das despesas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado


Senado votará indicação de Jhonatan de Jesus para TCU

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Da Agência Senado | 06/02/2023, 18h41

A vaga para o Tribunal de Contas da União é proveniente da aposentadoria da ministra Ana Lúcia Arraes de Alencar
Marcos Oliveira/Agência Senado

Saiba mais

Proposições legislativas

A indicação do deputado federal Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) é o destaque da sessão deliberativa do Senado desta quarta-feira (8), primeira após a posse dos novos parlamentares e inauguração dos trabalhos legislativos de 2023. Os senadores vão apreciar a indicação proveniente da Câmara dos Deputados, na forma do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 2/2023.

A vaga no TCU decorre da aposentadoria da ministra Ana Lúcia Arraes de Alencar, publicada em julho de 2022. Nascido em Boa Vista (RR) em 1983, Jhonatan Pereira de Jesus é médico e empresário e exerce o terceiro mandato consecutivo na Câmara. Em 2 de fevereiro os deputados aprovaram a indicação de Jhonatan com 239 votos favoráveis.

As vagas do TCU são distribuídas entre indicações do Senado, da Câmara dos Deputados e da Presidência da República — três para cada. As vacâncias devem ser preenchidas de forma vinculada: a substituição de um ministro cabe ao mesmo ente que o indicou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado


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